[ANTIGO] Guia de Conceitos de Gramática e Tradução

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(Este guia foi aprovado e revisado por Mitsuki)

*Os conteúdos apresentados a seguir não possuem fins pedagógicos. Este guia visa esclarecer algumas noções gerais sobre gramática e texto, com o intuito de auxiliar os tradutores do projeto. Se possível, não deixe de consultar pessoas mais experientes ou fontes confiáveis acerca dos assuntos aqui abordados;

*Todas as fontes presentes neste guia foram retiradas de livros, materiais didáticos, internet e pesquisas externas. O guia apenas esclarece algumas normas gerais, não contemplando todas as informações específicas de cada assunto;

*Assim como no Glossário e Guia para Tradução, vos instigo a sugerir, opinar ou discordar sobre os tópicos aqui apresentados.

Instruções:

  • Otimize seu tempo; ao invés de ler item por item, vá direto ao tópico com o qual você sente mais dificuldade;

  • O guia está organizado em:

Introdução [PARTE 01]

Regência Verbal & Nominal [PARTE 01]

Colocação Pronominal [PARTE 01]

Crase [PARTE 01]

Conjunção Integrante x Pronome Relativo [PARTE 02]

Paralelismo [PARTE 02]


Anáfora & Catáfora [PARTE 02]
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Arte feita por Funkly

Introdução


"Quando escrevo, repito o que já vivi antes. E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente". Uma das célebres citações de Guimarães Rosa, sem dúvida essa é uma daquelas que abre caminho para os mais profundos debates filosóficos. No entanto, este é um guia de gramática para tradução, e para traduzir não é uma necessidade saber quem foi Guimarães Rosa nem conhecer o significado de léxico. O guia tem como objetivo sanar algumas dúvidas de quem ainda está para começar a traduzir e auxiliar aqueles que já possuem certa experiência. Nada mais, nada menos. Diante disso, sem mais delongas, os conteúdos de gramática mais frequentes nas traduções estão aqui apresentados.


1) Regência Verbal & Regência Nominal

(Esquema Ilustrado
https://prnt.sc/lwnvms)

A priori, é incontestável afirmar que regência será um dos principais norteadores deste guia. Colocação, crase, paralelismo, a maioria dos assuntos aqui estão, de alguma forma, alicerçados às regências. Surge, então, o seguinte: por que tamanha importância? Para que se possa aproveitar ao máximo os conceitos daqui, é preciso rever alguns princípios do tópico. Primeiramente, dividem-se as regências em verbal e nominal. Estabelece-se como regência a relação entre um nome ou um verbo com um determinado complemento — regente e regido, respectivamente —, o qual pode vir a ser preposicionado ou não, a fim de que se construa uma frase ou uma oração cujo sentido esteja completo.

Conclui-se, tendo como base a última afirmação, que a regência verbal está associada às relações entre verbo e seu complemento, enquanto a regência nominal ao nome e ao seu complemento. No entanto, ainda visando relembrar o tópico, é preciso rever o que é cada regência separadamente, como funcionam e de que maneira isso pode ajudar no momento de traduzir.

Regência Verbal:

Retomando um a um, a regência verbal diz respeito à exigência de um verbo por um complemento. Soa familiar? Nas escolas, quando é comentado algo sobre regência verbal, fala-se principalmente sobre a transitividade dos verbos, esses podendo ser transitivos diretos, indiretos, diretos e indiretos e, por fim, intransitivos. Todavia, para nós, não é necessário relembrar o que é cada um deles, afinal, transitividade é um assunto relativamente de conhecimento geral, isto é, muito provavelmente o tradutor já possui uma noção sobre o que é. Mas, então, se é, até certo ponto, um conhecimento generalizado, com qual finalidade esse tópico é retomado? O uso adequado da regência verbal, à qual está interligada a exigência estrita de um determinado complemento ou de uma determinada produção de sentido, reflete-se na escrita, ou seja, torna-se possível avaliar o conhecimento da norma culta de quem escreve. Isso, embora a priori não pareça crucial, visto que para escrever sequer é necessário conhecer de ponta a ponta todas as normas da gramática, pode vir a prejudicar, sobretudo, o tradutor, já que uma regência pouco alerta resulta tanto em equívocos gramaticais quanto semânticos, como demonstram estes exemplos:

1) "Vou para a casa da minha sogra no natal"

2) "Susana e eu assistimos um filme assombroso"


Em primeira análise, no cotidiano, ambos os exemplos não aparentam ter uma inadequação gramatical nem semântica, visto que, se considerarmos um diálogo informal, tanto o emissor da fala quanto o receptor dela vão entender o que está sendo dito "ora, no exemplo 1, uma pessoa vai passar o natal na casa da sogra e, no exemplo 2, um casal viu um filme assombroso, não é?". Isso, no entanto, funciona na fala, mas não na escrita. Quando se escreve, espera-se seguir um conjunto de critérios escolhidos pela norma culta e, portanto, devem-se utilizar os complementos adequadamente selecionados por ela. Assim, adequando os exemplos anteriores à norma padrão, têm-se estas grafias alternativas:

1) "Vou à casa da minha sogra no natal"

2) "Susana e eu assistimos a um filme assombroso"

  • NOTA (1): ainda utilizando os exemplos anteriores, é preciso debater sobre o seguinte: embora os critérios da regência devam ser priorizados, como saber qual regência cada verbo exige? Para responder isso, deve-se ter noção de que cada verbo pode reger ou não mais de uma preposição, cuja principal função é estabelecer uma relação de sentido entre o regente e o regido. Porém, sabe-se que a quantidade de verbos é vastíssima, inviabilizando buscar conhecer cada um de seus complementos. Em contraponto a isso, na escrita, geralmente, existe a possibilidade de reconhecer a regência de verbos recorrentes, como "ir" ou "assistir", e, para averiguar essas regências, basta destrinchar a frase ou a oração da seguinte maneira:

1) "Vou à casa da minha sogra no natal" (Quem vai vai a algum lugar, no caso, à casa da sogra)

2) "Susana e eu assistimos a um filme assombro" (Quem assiste assiste a algo ou a alguma coisa, no exemplo, a um filme)

  • NOTA (2): como visto anteriormente, a regência verbal está muito interligada à transitividade dos verbos, que, por ventura, estão relacionados ao uso dos pronomes oblíquos átonos, os quais serão explorados no tópico "Colocação Pronominal". Sobre esses pronomes, vale citar que tanto o objeto direto quanto o objeto indireto possuem seus pronomes oblíquos exclusivos. No caso dos objetos diretos, são eles: o, a, os, as e as variantes desses. Por outro lado, o objeto indireto admite o pronome "lhe" como seu exclusivo. O restante (me, te, se, nos, vos), no entanto, dependendo do verbo, pode assumir tanto a função de objeto direto quanto de objeto indireto, como se demonstra a seguir:

"Recebeu-me (ou te, o, a, nos, vos) atenciosamente" (verbo transitivo direto)

"Trouxe-me (ou te, lhe, nos, vos) um presente" (verbo transitivo direto e indireto com o pronome indireto)

"Mediante aos esforços da filha, a mãe permitiu-lhe comprar uma barra de chocolate" (pronome "lhe" substituindo "à filha")

"Como o menino não atuava bem, o diretor decidiu tirá-lo da peça" (pronome "o" substituindo "o menino")

Regência Nominal:

Não muito distante dessa ideia, a regência nominal também está associada à exigência de um complemento, no entanto, vinda de um nome, o qual pode ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio. Contudo, assim como a regência verbal, destaca-se que os nomes podem vir a exigir ou não um complemento, além de que é inviável buscar pela regência de cada nome possível, já que é imensa a sua diversidade. Fazem-se, então, somente algumas pontuações sobre o assunto, no quesito de que o uso inadequado da regência nominal também pode acarretar equívocos gramáticos ou semânticos, mostrando-se a seguir:

"Sempre consigo o que eu estou a fim"

Paralelamente a exemplos anteriores, considerando a linguagem falada, dificilmente alguém afirmará que há um erro de significado ou de gramática na oração anterior "afinal, o falante afirma que consegue o que quer quando quer, certo?". Porém, a regência da locução prepositiva "a fim", a qual possui como substantivo masculino o termo "fim", exige uma preposição "de" e, portanto, deve comparecer no trecho, como ilustra a seguir:

"Sempre consigo aquilo de que estou a fim"

  • NOTA (3): embora não seja um tópico tão debatido quanto regência verbal, a regência nominal é recorrente no dia a dia, sobretudo, de substantivos e de adjetivos. Mas e os advérbios? Em relação a essa classe, vale fazer a seguinte menção:

Quando derivado de um adjetivo, advérbios com o sufixo -mente possuem a mesma regência de seu adjetivo

"O documento analisado é relativo ao ano de 1990" (relativo ao / adjetivo)

"Relativamente ao documento analisado, afirma-se que é de 1990" (relativamente ao / advérbio)

  • NOTA (4): ainda a fim de fazer uma demonstração dessa regência, apresenta-se o exemplo:

"Tenho muito medo da ignorância, da solidão, de mudanças, da efemeridade da vida..."​

Observa-se que, em um caso de regência verbal, uma oração "tenho medo" já possui um sentido completo, pois, o verbo "ter" exige um complemento direto que, na situação, é "medo". Todavia, ainda é possível adicionar outros complementos a fim de aprofundar o sentido do trecho, sendo que esses são derivados do substantivo "medo", apresentando, então, uma regência nominal.​

2) Colocação Pronominal

(Esquema Ilustrado https://prnt.sc/lwnvul)

Sobre a colocação pronominal, não há mistério: é a maneira como os pronomes oblíquos átonos (me, te, se, nos, vos, o, os, a, as, lhe, lhes e outras variantes) ficam dispostos na oração. Em relação a isso, conhecem-se três posições nas quais os pronomes podem ser colocados: próclise, mesóclise e ênclise. No entanto, embora haja uma enorme variedade de regras as quais devem ser respeitadas, entende-se que nem todas elas precisam ser conhecidas para que se possa escrever uma tradução. Portanto, aqui serão pontuadas somente noções básicas e recorrentes sobre como posicionar esses pronomes.

Próclise — colocação pronominal antes do verbo. Exige-se próclise na presença de:

Uma palavra negativa antecedendo o verbo

"Não me diga isso"

  • NOTA (1): o vocábulo "sem" não possui valor negativo, mas de ausência, o que é diferente de uma negação. Logo, caso a palavra "sem" esteja antecedendo o verbo, ela não exigirá próclise;

"Sem levar em consideração os rótulos" = "Sem levá-los em consideração"​

Um advérbio antecedendo o verbo

"Aqui se fabrica o melhor pão" (advérbio de lugar)

  • NOTA (2): se o advérbio estiver com uma vírgula que denota pausa, a exigência passa a ser de ênclise, pois, como regra geral da colocação pronominal, nunca se inicia uma frase com um pronome oblíquo átono;

"Aqui, fabrica-se o melhor pão"​

Pronomes no geral, mas, para ser específico, indefinidos, interrogativos, demonstrativos e relativos

"Alguém se interessou pelo caso" (pronome indefinido)

"Quem se interessou pelo caso?" (pronome interrogativo)

"Isto me pertence" (pronome demonstrativo)

"A resposta que nos deram já era esperada" (pronome relativo)

  • NOTA (3): algumas literaturas afirmam que pronomes específicos exigem próclise, outras que pronomes no geral fazem essa exigência. Para as traduções, no entanto, com exceção dos pronomes citados acima, a colocação dos pronomes oblíquos átonos será feita de maneira facultativa;

Numerais

"O primeiro te procurou ontem?" (numeral)

Conjunções e locuções subordinativas


"Quando me procurou, ele não encontrou" (conjunção temporal)

"Embora o insultassem, não reagiu" (conjunção concessiva)

"Os trabalhadores ficaram frustrados, porque nos esperavam para a festa e não pudemos comparecer" (conjunção causal)

Verbo no gerúndio precedido de preposição "em"


"Em se tratando de política, não me meto"

Mesóclise — colocação pronominal entre o radical e a desinência, isto é, no meio, de verbos no futuro do pretérito ou no futuro do presente:

"Dar-lhe-ei o melhor presente" (futuro do presente)

"Contar-lhe-ia um segredo" (futuro do pretérito)

  • NOTA (4): assim como a ênclise, utiliza-se a mesóclise, sobretudo, no início de uma oração. Se houver qualquer circunstância que exija o uso da próclise, mesmo que o verbo esteja conjugado ou no futuro do pretérito ou no futuro do presente, a mesóclise não será utilizada;

  • NOTA (5): no dia a dia, a mesóclise é um tipo de colocação a qual entrou em desuso, participando somente de contextos mais formais. Usá-la ou não fica a critério do tradutor. Porém, deve-se ficar atento de que seu uso pode provocar estranheza ao leitor;

Ênclise — colocação pronominal depois do verbo. Utiliza-se a ênclise quando:

Uma oração for iniciada por verbo

"Aproximou-se da banca de jornal"

  • NOTA (6): generalizando, a regra padrão indica que, caso não haja alguma situação em que o uso da próclise seja obrigatório e os verbos não estejam conjugados nem no futuro do pretérito nem no futuro do presente, a ênclise deve ser priorizada;

O verbo estiver no gerúndio sem a preposição "em"

"Não se explicou, deixando-nos apreensivos"

O verbo estiver no imperativo afirmativo

"Dê-me um cigarro" (Oswald de Andrade)

O verbo estiver no infinitivo impessoal

"Decidiu vê-lo naquela mesma tarde"

  • NOTA (7): um fato curioso acerca do português de Portugal e do português do Brasil é que, em Portugal, predomina o uso da ênclise na fala, enquanto, no Brasil, o emprego da próclise. Isso é decorrente do que podemos chamar de processo evolutivo distinto das duas línguas, sendo um dos vários marcos que reiteram a diferença entre o português de Portugal e do Brasil;

  • NOTA (8): ainda sobre a anotação anterior, vale salientar que, em situações mais informais e, inclusive, em muitas obras literárias nacionais, predomina-se a utilização da próclise em decorrência da sonoridade produzida na fala ou na escrita, distanciando-se das regras da norma padrão. Isso pode ser visto nos seguintes textos, um defendendo o uso da próclise como reafirmação da identidade nacional e o outro dialogando de maneira humorística sobre a colocação dos pronomes:



3) Crase

Vou a casa ou vou à casa? Vou a terra ou vou à terra? Crase, sem dúvidas, é um assunto complexo. Porém, complexidade aqui se refere à quantidade de regras, já que, até certo ponto, a crase não é difícil de ser usada, isto é, contanto que seus conceitos sejam claramente compreendidos. Em suma, a crase é a contração entre duas vogais "a", principalmente, relacionadas à união da preposição "a" com o artigo "a". Para as traduções, essa é a relação fundamental cujo tradutor deve conhecer para que ele saiba quando usar ou não a crase. Embora haja um vastíssimo número de regras sobre crase, todas elas procedem a essa mesma relação: a contração entre duas vogais "a". Isso não se limita ao uso do "a", sendo possível ver essa contração em outras preposições com os artigos de gênero, como "pela" (por + a), "na" (em + a), "pelo" (por + o), "no" (em + o) e, inclusive, "ao" (a + o), que é o equivalente masculino da crase.

Compreende-se, portanto, que, para ocorrer crase, é necessário tanto a presença da preposição "a" quanto do artigo "a". Não somente um nem apenas outro, mas os dois. Dito isso, partimos, então, às próximas questões: como identificar a presença da preposição "a"? E do artigo "a"? Mais ainda, em que situações a crase definitivamente não pode ser usada? A fim de responder a tudo isso, é fundamental retomar conceitos anteriormente apresentados no guia, sobretudo, relacionados às regências verbal e nominal.

Recapitulando, tanto a regência verbal quanto a regência nominal estão associadas à ideia de que um nome ou um verbo pode vir a exigir um complemento ou não. Então, relacionando isso à utilização da crase, percebe-se que, caso um nome ou um verbo exija a preposição "a" e o complemento possua um artigo "a" — sobretudo, substantivos —, é possível justificar a presença do acento grave, como demonstram os exemplos seguintes:

"Cheguei à casa da minha avó ontem" (regência verbal)

"O recibo segue junto à última remessa de livros" (regência nominal)

Não obstante, citam-se ainda as principais ocasiões em que não ocorre crase, como:

Antes de palavras masculinas

"As vendas a prazo aumentaram no Natal"

"Gosto de escrever a lápis"

Antes de verbos

"Ele está demorando a chegar"

"Hoje começamos a pesquisar sobre esse assunto"

Entre palavras repetidas

"Uma a uma não tem crase, isso é fácil de lembrar"

"Ficamos frente a frente, um olhando o outro"

Antes de pronomes (exceto senhora, senhorita, dama, dona, madame, aquela, aquilo, aquele, a, a qual, as quais, outra, outras e pronomes possessivos femininos)

"Referiu-se a ela carinhosamente" (pronome pessoal)

"Você não irá a nenhuma festa com seus amigos" (pronome indefinido)

"Por favor, entregue os livros a essa aluna" (pronome demonstrativo diferente dos citados anteriormente)

"Refiro-me a Vossa Majestade" (pronome de tratamento diferente dos anteriores)

"A" singular diante de palavras no plural


"Perguntei a pessoas se elas estavam interessadas pelo assunto"

"Estas considerações são relativas a questões muito genéricas"

Antes de artigo indefinido (um, uns, uma, umas) ou numeral (a não ser que indique uma hora exata)

"Refiro-me a uma aluna"

"Chegou às 10 horas da noite"

  • NOTA (1): além das proibições, também é crucial mencionar os casos especiais da crase, ou seja, em quais casos ela sempre aparece, tais quais:

Locuções adverbiais femininas (às pressas, à noite, às vezes, às ocultas, à direita, à esquerda, à tona)

"João e Maria apareceram às ocultas na casa de doces"​

Locuções prepositivas femininas (à espera de, à frente de, à custa de, à maneira de, à moda de, à exceção de)

"Estamos à espera do caminhão de sorvete"​

Locuções conjuntivas femininas (à proporção que, à medida que)

"À medida que lemos, evoluímos"​

  • NOTA (2): vale salientar que o acento grave, marco inerente do "a" craseado, também aparece recorrentemente junto aos pronomes demonstrativos aquilo, aquele(s), aquela(s), a(s) e aos pronomes relativos a qual, as quais, como nos exemplos a seguir:

"Ninguém estava atento àquilo que dizia"​

"Perguntei àquele menino se gostaria de ler um bom livro"​

"Todo o time foi àquela entrevista"​

"Você vê aquelas moças? Entregue à do meio este bilhete"​

"Esta é a escola à qual nos referimos"​

  • NOTA (3): a crase não está isoladamente associada à gramática, mas também ao sentido da frase ou da oração. Percebe-se isso nos seguintes exemplos:

1) "À noite, João e Maria cochilavam em uma doce casa"​

No exemplo 1, entende-se que, no período da noite, João e Maria cochilavam em uma doce casa.​

2) "A noite cochilava em seu doce sono"​

No exemplo 2, implica-se que a noite, como sujeito, cochilava em um doce sono.​

Baseando-se nos exemplos anteriores, pode-se compreender que a crase pode vir a implicar uma mudança semântica sobre o que está sendo dito. Assim, também é possível notar essa modificação em poemas, conforme mostra o exemplo a seguir: https://pastebin.com/gD4yChAS

  • NOTA (4): uma dica prática para identificar a presença da preposição em uma frase é passar um substantivo feminino para a sua variante masculina, assim como no seguinte:

"Chegarei a porta da escola rapidamente"

Como saber se há crase nesse "a"? Basta passar ao masculino

"Chegarei ao portão da escola rapidamente"

Já que, passando ao masculino, o "a" ainda está presente, entende-se que essa é uma preposição "a" e, assim, utiliza-se a crase

"Chegarei à porta da escola rapidamente"

  • NOTA (5): relacionando os conceitos apresentados às traduções, discorre-se a respeito da presença de crase nas nomenclaturas dos Pokémon. A princípio, Pokémon também podem ser categorizados de acordo com um gênero, alguns sendo de gênero único, outros possuindo ambos os gêneros e o restante sequer expressando um gênero. Mas afinal: é para crasear ou não os nomes dos Pokémon? Nas traduções, entende-se o seguinte: deve-se evitar ao máximo classificar um Pokémon com artigo de gênero. Se for um Pokémon com um gênero determinado, a exemplo da Miltank da Whitney, fica evidente que dito Pokémon apresentará o artigo de gênero correspondente a ele, no caso do exemplo anterior, Miltank de fato terá um artigo de gênero "a" e, portanto, poderá vir craseado. Outro exemplo seria o Pikachu de Ash, o qual possui um artigo de gênero determinado, e teria como o correspondente masculino da crase o "ao". No entanto, caso o Pokémon apresentado seja genérico, evitar o uso de qualquer artigo de gênero, que classifica o Pokémon, é o ideal e, por isso, a crase deve ser evitada.

  • NOTA (6): assim como os nomes dos Pokémon, as nomenclaturas em inglês, como nature, weather, sweeper, etc, também devem evitar a presença da crase.

 
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4) Conjunção Integrante x Pronome Relativo

(Esquema Ilustrado https://prnt.sc/lwnw4e)

Junto à crase, orações subordinadas também é um tópico extenso, possuindo muitos detalhes sobre os quais poderíamos falar. Todavia, como este guia visa à praticidade em detrimento da complexidade, quem sabe noutra oportunidade o conteúdo seja contemplado em sua totalidade? Com isso nos cabe pensar: então, o que é preciso conhecer sobre o assunto? Nas traduções, principalmente, deve-se discutir acerca do uso de uma palavra recorrente em quase todos os textos — o vocábulo "que". Em suma, seja como uma conjunção integrante ou um pronome relativo, "que" assume a função de introduzir ou de retomar um termo presente no período.

Antes de falarmos propriamente sobre o que é conjunção integrante e pronome relativo, além de como eles funcionam, precisa-se refletir acerca de um desafio rotineiro das traduções: a repetição, mais especificamente, da palavra "que". À primeira vista, quando não há o intuito de usar uma estratégia argumentativa ou um recurso expressivo, repetir muitas palavras é nocivo ao texto, já que esse pode se tornar monótono; sempre com o mesmo vocabulário. Entretanto, no caso do queísmo — a repetição constante de "que" —, isto precisa ficar muito claro ao tradutor: não há problema repetir muito "que", se esse for uma conjunção integrante. Os pronomes relativos são diversificados, enquanto as conjunções integrantes, de cujas orações subordinadas substantivas fazem parte, limitam-se a "que" e "se". Sabendo disso, afirma-se que o motivo para retomar esse tópico não é ensinar sobre as orações subordinadas e cada uma de suas nuances, mas apresentar conceitos e regras práticas a fim de que ajude a identificar qual a função de "que" e saber quando substituir ou não essa palavra. Agora sim, partiremos para as definições.

Conjunção Integrante:

Termo introdutório das orações subordinadas substantivas, assumindo as funções sintáticas próprias dos substantivos, como sujeito, objeto direto, objeto indireto, etc. Vamos analisar os exemplos:

1) "Parece que vai chover" ("que vai chover" / sujeito)

Percebe-se, na oração principal, que o verbo "parece" não possui um sujeito associado a ele. Se analisarmos o período, a segunda oração "que vai chover" vai assumir esse papel de sujeito.

2) "Confesso que estou surpreso" ("que estou surpreso" / objeto direto)

Considerando a regência do verbo "confesso", quem confessa confessa algo, ou seja, exige um objeto direto. Na situação, "que estou surpreso" é o complemento.

3) "Lembre-se de que esse assunto é importante" ("de que esse assunto é importante" / objeto indireto)

Novamente lembrando a regência verbal, quem se lembra se lembra de algo, isto é, pede um objeto indireto. No caso, "de que esse assunto é importante" completa o verbo.

Regra Prática (1): a conjunção integrante pode ser substituída por "isto", "isso", "este" ou "aquele". Aplicando isso nos exemplos anteriores, temos:

1) "Parece isto"

2) "Confesso isto"

3) "Lembre-se disto"

  • NOTA (1): a conjunção integrante também pode ser "se" e é identificada pela mesma regra prática.

"Veja se estou elegante"

"Veja isto"

Pronome Relativo (que, o qual, a qual, quem, onde, cujo):

Introduz as orações subordinadas adjetivas, adotando à oração principal um sentido restritivo ou explicativo, conforme os exemplos:

1) "O gado que foi vacinado sobreviveu à epidemia" (valor restritivo)

Semanticamente, apenas o gado vacinado sobreviveu à epidemia.

2) "O gado, que foi vacinado, sobreviveu à epidemia" (valor explicativo)

Longe dessa ideia, o gado foi todo vacinado e sobreviveu à epidemia.

Regra Prática (2): dependendo do contexto, o pronome relativo "que" pode ser substituído por suas outras variações:

"O gado o qual foi vacinado sobreviveu à epidemia"

"A manada a qual foi vacinada sobreviveu à epidemia"

"O vaqueiro quem vacinou o gado salvou as vacas da epidemia"

"Na fazenda onde o gado foi vacinado, houve uma epidemia"

"O gado cuja vacina tomou sobreviveu à epidemia"

  • NOTA (2): ainda que os pronomes relativos possam variar, as regras de explicação e restrição são as mesmas para todos;

  • NOTA (3): certos pronomes relativos só podem ser usados em determinados contextos. Retomando os três últimos exemplos, cada um está associado à ideia de pessoa, lugar físico e posse, respectivamente, o que os diferencia dos pronomes "o qual", "a qual" e "que";

  • NOTA (4): o pronome relativo "cujo" deve vir entre substantivos e, além disso, não deve ter um artigo de gênero posterior a ele, como mostra a seguir:

"O gado cuja a vacina tomou sobreviveu à epidemia"

Nesse caso, o exemplo está inadequado e, para ajeitá-lo, faz-se o seguinte:

"O gado (cujo + a) = cuja vacina tomou sobreviveu à epidemia"

  • NOTA (5): tendo como alicerces a regência verbal, a regência nominal e o uso da crase, caso o pronome esteja exercendo uma função sintática que exija uma preposição, como objeto indireto ou complemento nominal, coloca-se a preposição antecedendo o pronome relativo, segundo os exemplos:

"Isso é uma observação a que / à qual devemos estar atentos" (complemento nominal exigindo preposição "a")

"Esse é um assunto com que / com o qual devemos ter atenção" (complemento nominal exigindo preposição "com")

  • NOTA (6): as variações aonde e donde são utilizadas equivocadamente por muitos, mas, tendo como base as regências, é possível perceber quando as usar, assim como nestes exemplos:

"Aonde nós vamos? Vamos a algum lugar" (verbo "ir" exige a preposição "a", deslocando-a para o início da oração)

"Donde você veio? Vim de algum lugar" (verbo "vir" exige a preposição "de", colocando-a no início da oração)

"Onde você mora? Moro em algum lugar" (embora o verbo "morar" exija a preposição "em", não se utiliza a forma "nonde", sendo isso uma regra)

  • NOTA (7): a fim de evitar a repetição de "que", também é possível contrair o período composto sem mudar a semântica. No entanto, conscientiza-se que pode ocorrer uma mudança na função sintática dos termos, como em:

"O gado que foi vacinado sobreviveu à epidemia" (oração subordinada adjetiva restritiva)

"O gado, que foi vacinado, sobreviveu à epidemia" (oração subordinada adjetiva explicativa)

"O gado, vacinado, sobreviveu à epidemia" (aposto explicativo)

"O gado vacinado sobreviveu à epidemia" (adjunto adnominal)

  • NOTA (8): em relação ao pronome "onde", vale considerar que esse pronome relativo se refere a um lugar físico. Ou seja, é inadequado escrever trechos como "a sociedade onde vivemos convive com os mais diversos paradigmas", visto que "sociedade" não é um lugar. Assim, para adequar esse trecho, deve-se substituir "onde" ou por "em que" ou por "no qual" ou por "na qual", já que não se referem a um lugar físico e são equivalentes ao termo citado;

5) Paralelismo

Este, definitivamente, é um dos tópicos mais divisores presente neste guia. Novamente, não pela dificuldade com a qual muitos se preocupam, mas pelo paralelismo ser, inclusive, pouco abordado tanto nas escolas quanto nos materiais didáticos. Claro, não chega a ser um conteúdo específico, no entanto, todos deveriam ao menos compreender os princípios desse assunto para que se possa escrever de maneira, por assim dizer, ainda mais "equilibrada". Bom, antes de prosseguirmos, vamos nos apropriar de um fundamento básico da química: a troca equivalente. Na verdade, vamos apenas ficar com essa palavra; equivalente. Isso mesmo, a partir de agora, somos alquimistas gramateiros. Sintaticamente, na construção de uma oração, os termos presentes nela devem se equivaler, ou seja, assim como um foi escrito, o outro também deve ser escrito de maneira similar ao anterior, como analisaremos um exemplo do cotidiano:

1) "Este estabelecimento está aberto das 9 a 10"

2) "Este estabelecimento está aberto de 9 às 10"

Em ambas situações, pode-se afirmar que as duas orações não estão escritas de modo equivalente, isto é, paralelo. No exemplo 1, percebe-se que ocorre somente a junção da preposição "de" com o artigo de gênero "as", enquanto no exemplo 2, a da preposição "a" com o "as", resultando na presença do acento grave. Assim, identificamos que os exemplos anteriores não estão escritos de acordo com o paralelismo sintático, a equivalência entre um ou mais termos na mesma oração. Por isso, a fim de adequar isso, deve-se fazer as seguintes modificações:

1) "Este estabelecimento está aberto das 9 às 10" (nesse caso, tanto a preposição "de" quanto a preposição "a" passaram pela junção do artigo de gênero "as")

2) "Este estabelecimento está aberto de 9 a 10" (analogamente, apesar de as preposições não terem passado por nenhuma junção, elas foram escritas de forma paralela ou equivalente)

Como demonstrado anteriormente, o paralelismo é vital para que se possa escrever equilibradamente, o que torna o texto mais coeso e esteticamente refinado. No entanto, visto que ainda estamos falando sobre um assunto pouco comentado, seguem outros exemplos:

"Um menino e menina foram brincar no parque"

Analisando o exemplo anterior, percebemos que o substantivo masculino "menino" possui um artigo de gênero correspondente a ele o antecedendo, no caso, "um". Todavia, isso não ocorreu com o substantivo feminino "menina", que também exige um artigo de gênero correspondendo a ele. Desse modo, visando adequar isso, faz-se esta mudança:

"Um menino e uma menina foram brincar no parque" (com isso o exemplo foi escrito de maneira paralela, em que o substantivo masculino possui um artigo de gênero "um" correspondendo a ele, enquanto o substantivo feminino também passou a possuir um artigo de gênero que o corresponde)

O exemplo anterior, embora aparente fazer uma simples aplicação do que se chama senso comum, afinal, "se um menino foi brincar no parque, então uma menina também foi brincar no parque", o tradutor não deve se iludir com falácias: nem toda a ocasião de paralelismo sintático aparecerá de um jeito tão explícito como esse. A questão sobre o texto ser escrito paralelamente não está somente vinculada a identificar a presença dos artigos de gênero, apesar de essa ser uma habilidade que o tradutor deve no mínimo obter, mas também a perceber pela lógica como e quando usar esse mesmo recurso.

"Graças ao seu avô e sua avó conseguimos ganhar muitos prêmios no bingo"

À primeira vista, o paralelismo parece ser predominante, já que o pronome possessivo masculino "seu" está com o correspondente feminino "sua" na mesma oração. Contudo, não devemos nos enganar: "Graças a" é um nome o qual rege uma preposição "a" e, portanto, como a contração "ao" foi apresentada na oração, o correspondente feminino dessa também deve se fazer presente.

"Graças ao seu avô e à sua avó conseguimos ganhar muitos prêmios no bingo" (todavia, aqui vale fazer uma observação importante: tanto a preposição "a" que rege a locução "seu avô" quanto a que rege a locução "sua avó" é a mesma; então, se os artigos de gênero forem descartados, não é necessário repetir a preposição, já que ela corresponde às duas locuções, podendo assim escrever também: "Graças a seu avô e sua avó conseguimos ganhar muitos prêmios no bingo")

  • NOTA (1): ainda fazendo uma consideração a esse último exemplo, pontua-se que a preposição não necessariamente precisa ser repetida, contanto que o artigo de gênero não seja presente;

  • NOTA (2): existe ainda outro tipo de paralelismo, denominado paralelismo semântico. Para as traduções não é preciso saber o que é essa variação, sendo que o tradutor precisa se ater principalmente ao paralelismo sintático. Entretanto, somente a título de curiosidade, paralelismo semântico diz respeito a ideias que são justapostas de modo semelhante, conforme o exemplo:

"Gosto de chocolate e matemática"

Nessa situação, observa-se que não há um paralelismo semântico, pois "chocolate" e "matemática" são vocábulos que não estão em um campo semântico igual, isto é, são distantes em questão de sentido.

"Gosto de chocolate e maçã"

Já aqui, nota-se uma semelhança de ideias, uma vez que chocolate e maçã estão em um campo semântico mais semelhante; os dois dialogam sobre comida.

Com base nisso, pode-se afirmar que o paralelismo semântico trata mais sobre a coerência de um texto, já que, em uma conversa sobre comida, faz mais sentido falar sobre coisas relacionadas a esse assunto do que aleatoriamente selecionar tópicos que, embora possam ser interessantes, não dizem respeito à conversa.

  • NOTA (3): a respeito de livros, por meio de uma leitura atenta, é possível perceber que muitos autores escrevem de acordo com o paralelismo sintático, chegando a ser interessante observar se em um livro ou não o paralelismo é usado adequadamente. Todavia, necessita-se falar que nem todo o livro ou texto usará esse recurso apropriadamente. Então, adverte-se que nem todo livro é um parâmetro para averiguar a existência desse assunto;

  • NOTA (4): segue ainda um texto extra acerca de paralelismo para que a abordagem desse assunto não fique tão escassa https://pastebin.com/A7Adddrf;

6) Anáfora & Catáfora

(Esquema Ilustrado https://prnt.sc/lyq2x9)

Assim que mencionamos os nomes anáfora e catáfora, torna-se inevitável fazer uma leve menção sobre o que é coesão textual. Em uma perspectiva simplificada, coesão refere-se a tudo aquilo relacionado à integração de um texto, isto é, ao uso de elementos e estratégias que podem ajudar a tecer um texto. Fazendo uma breve analogia, então, a coesão seria uma das agulhas as quais nos ajudam a costurar uma bela tradução. Mas, afastando-se desse mérito, voltamos novamente ao assunto anterior e nos questionamos: o que são anáfora e catáfora? O que ambos têm a ver com escrever? Respondendo a essas duas perguntas, afirma-se que anáfora e catáfora estão associadas à retomada e à introdução de elementos em um texto, respectivamente, o que é essencial para esclarecer sobre qual referente um autor está falando.

As relações anafóricas e catafóricas são recorrentes no cotidiano, sendo que constantemente usamos recursos coesivos com o intuito de retomar ou introduzir uma informação em uma conversa. Aliás, agora que mencionados "recursos coesivos", será que não existe um outro tópico interligado a essa ideia? Como visto anteriormente, a conjunção integrante e o pronome relativo estão indissociavelmente ligados à retomada e à introdução de elementos, podendo denominá-los recursos de anáfora e catáfora, seguindo os exemplos:

1) "A chuva que nos atinge molhou nossas roupas"

Aqui, percebemos que o pronome relativo "que" está retomando o sujeito "a chuva", logo, assumindo um papel anafórico;

2) "Temo que você sofre uma grave doença"

Nesse outro caso, quem teme teme algo, ou seja, a conjunção "que" está para introduzir uma informação, tomando, assim, um papel catafórico;

Visto isso, é possível perceber que os recursos coesivos têm como função esclarecer qual o referencial de uma frase, de uma oração ou de um período. Todavia, surge um outro desafio: de que maneira identificamos os elementos ana e cata-fóricos? Como dito em outros tópicos, embora talvez com menos peso, não é viável listar todos os tipos de anáforas e catáforas existentes, valendo, no máximo, analisar mais alguns exemplos, a fim de que o assunto fique o mais esclarecido possível para o tradutor;

3) "João, um garoto muito jovem, sofreu um terrível acidente. O menino, porém, sobreviveu. Seus pais, porém, não o identificaram"

Como vimos, um menino chamado João sofreu um acidente. Isso é a primeira informação apresentada. Em seguida, temos o artigo de gênero "o", que assume uma anáfora, pois, diante do dado anterior, sabemos que o menino é João. Ainda no exemplo, também podemos perceber que o pronome oblíquo átono "o" está, analogamente, assumindo uma anáfora, visto que se refere a João.

4) "Um garoto muito jovem sofreu um terrível acidente. João, porém, sobreviveu."

Por outro lado, nesse exemplo, observamos que o nome do menino é introduzido posteriormente à primeira oração. Nesse caso, o artigo de gênero "um" toma como papel a catáfora, uma vez que introduz uma informação que será revelada em um momento posterior.

5) "Esta é a pessoa sobre quem você falava?"

Não longe da catáfora, o pronome demonstrativo "esta" também assume essa função, introduzindo um dado que ainda será analisado;

6) "A pessoa sobre quem você falou é essa?"

Em contrapartida, o pronome demonstrativo "essa" é anafórico, retomando uma ideia apresentada anteriormente;

Enfim, as relações anafóricas e catafóricas são muito diversificadas, e para um assunto tão profundo, faz-se somente as menções necessárias sobre esse tópico.

  • NOTA (1): menciona-se que os pronomes demonstrativos esse, isso, essa e as suas formas no plural são anafóricos, que retomam. Enquanto isso, os pronomes este, isto e esta, assim como suas formas no plural, são catafóricos, que introduzem.

  • NOTA (2): diante da anotação (1), vale considerar que, em alguns casos, os pronomes demonstrativos este, esta e isto podem assumir um papel de indicar uma distância próxima, enquanto esse, essa e isso uma distância média, o que será analisado a seguir:

"Aquele é o prédio mais longe, esse está em uma posição média e este próximo a mim"

Com esse exemplo, no ponto de vista de um determinado referente, podemos ver que os pronomes demonstrativos são utilizados para indicar a distância dos objetos. Salienta-se ainda que, sobre a organização do exemplo, os pronomes foram colocados de acordo com a sua distância com o ponto final. "Este" está mais próximo do ponto, "esse" em uma distância média e "aquele" o mais longe. Assim, compreende-se que, dependendo do contexto, os pronomes demonstrativos citados podem assumir uma função diferente, não necessariamente anafórica ou catafórica;

  • NOTA (3): segue ainda uma pequena lista de exemplos sobre o uso apropriado desse recurso com os pronomes demonstrativo https://pastebin.com/yKYSvJNH ;
 

Repu

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AVISO IMPORTANTE: em relação aos tópicos da primeira parte (regências, colocação pronominal e crase) foram colocadas somente as regras mais recorrentes nas traduções. O guia ainda será atualizado com listas de regras mais amplas sobre os respectivos assuntos, para quem quiser ter um conhecimento a mais.

Se tiverem sugestões, sintam-se à vontade para as enviar para mim por meio de mensagem privada na Smogon ou no Discord.
 
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Repu

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Espero que com esse guia seja possível remediar o estigma daqueles que pensam que é preciso saber alguma coisa de gramática para que se possa traduzir. A gramática, ao meu ver, não deve ser o centro de uma tradução, mas um instrumento que pode vir ou não a auxiliar quem estiver escrevendo. Gostaria, ainda, de fazer um agradecimento às oportunidades que tive de ler tantos textos nesse projeto, que definitivamente tiveram um imenso impacto na formulação desse guia. Então, novamente, aqui deixo meu sincero "obrigado".

Por fim, deixarei uma leitura para quem tiver lido tudo até aqui: https://pastebin.com/xB6S4887
 
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